quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Desalojada

Soube por interpostas e pouco fidedignas fontes que tinhas outra. Outra mulher. Sempre o soube. Ou assim pensava. Quatro meses depois da nossa separação e já refizeste a tua vida. Com outra mulher. A distancia dos meses não foi suficiente para não me abalar. Abriu, sem licença e num rompante la estava a dor rasgando sem esforço a capa fina da indiferença. Fiquei nua. O veneno gelado da verdade, escorreu para as pernas, deixando as bambas e dormentes. Tombei. De joelhos no chão, senti voltar ás minhas costas, a pesada mochila das nossas vivencias. Atras de mim, no passado e no entanto tao aflitivamente vívido. O peito apertado num abraço de dois troncos toscos, vigorosos e sem empatia, sugavam me o ar. Tombei. A mochila soltou se, os troncos afrouxaram, deixando me abraçada a mim mesma. Pequena pedra rude, arremessada por languida apatia, encolhida no descampado.


 

Sem comentários:

Enviar um comentário