sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Só por hoje...


Eu digo te o que é viver sem vida.
É ter os dias preenchidos de afazeres dos horários e das rotinas dos outros.
 É ser a tabua flutuante, desvitalizada, sempre disponível para a locomoção dos outros.
É ser voluntariamente escravizada ás necessidades dos demais, sempre sob o falso e pretensioso elogio de abnegação corajosa.
É adiar o riso ou a lagrima do cansaço ou da vontade e esconde lo por detrás do trofeu do melhor papel secundário jamais visto.
É ser endeusada em pedestal, reverenciada em horas de trovoada, em torrentes de lamentos e solicitações de bênçãos.
Quando no peito em silêncio grita o exausto desejo de ter o direito de aquebrantar os joelhos e ficar ao nível da caricia, do conselho, do cansaço.
 De ser humano.
 De ser mulher.