Perdi a
oportunidade de ser feliz! Com esta simples frase carreguei os teus ombros do
entulho das minhas fátuas expectativas. Nunca soube bem o que queria, nem se
realmente te queria. Mas não vou perder a oportunidade de polir a
responsabilidade com a tua culpa. Acabamos. Sim, acabamos o enredo amoroso. Um
tango argentino que nenhum dos dois dominava, mas que nos excitava no seu
languido jogo de compassos entre arrastados e velozes. Olhos nos olhos,
movimentos sincronizados na embriagues do romance. Tan tan. Os últimos acordes.
Disfarçar os movimentos desajeitados no silêncio constrangedor, enquanto o
olhar vexado, vasculha a imaginária cortina corrida de fim de cena, para
encobrir a humilhante actuação de entrega. Capitaneados pela fragrância nublosa
e anestesiante do remorso da falsa entrega, do inserto querer, da hipócrita e
apressada certeza, navegamos a separação, esgrimindo culpas.
Quero
entristecer te, mas não sei o que te faz rir. Quero inquietar o teu dia, mas
não sei o que te dá a paz. Perturbador vazio morno, este que se instala ao som
da tua gargalhada na minha memória e me agonia na mareada busca mental da causa
de tão genuína moldura.
Perdi a
oportunidade, sim, mas a de ter ver de verdade.
Desconheço
este condimento agridoce, estacionado no fundo da garganta que impulsiona, a
doce medo, o desejo de não te perder.
E então
instala se confortavelmente a inquietude do gostar.
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